segunda-feira, 27 de junho de 2022

JULIA LOPES DE ALMEIDA, A MULHER QUE AJUDOU A CRIAR, MAS NÃO TEVE LUGAR NA ACADEMIA

 





Co-fundadora da Academia Brasileira de Letras, mas injustiçada


A escritora e abolicionista brasileira Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras, em 1897. Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundaram a instituição, elaborada pelo escritor Lúcio de Mendonça (1854-1909).


O planejamento da Academia começou logo após a Proclamação da República (1889), por iniciativa de um grupo de intelectuais. Júlia Lopes era a única mulher. Em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, Lúcio de Mendonça considerou ser justo oferecer uma cadeira na Academia para a escritora. Isso não ocorreu porque, segundo os intelectuais que se opuseram, não havia mulheres na Académie Française de Lettres, que servia de inspiração para a Academia Brasileira. Um machismo mal disfarçado.


Renegando o protagonismo e a emancipação feminina, a ABL concedeu um lugar no grupo ao marido da escritora, Filinto de Almeida, para ocupar a cadeira número 3, que seria dela. Ele chegou a ser chamado de acadêmico consorte. Somente em 1977, 80 anos após a fundação, Rachel de Queiroz (1910-2003)  foi eleita a primeira mulher para a Academia. 





Em 2017, depois de 120 anos, a ABL homenageou  Júlia Lopes, no ciclo de conferências Cadeira 21, e reconheceu a injustiça por ela sofrida.


Retrato da sociedade de fim do século XIX e início do século XX


Crítica da situação social do Brasil, em seus romances a autora costumava representar a sociedade sob várias perspectivas por meio de enredos, tramas e intrigas nos quais imprime posicionamentos políticos, ideológicos e religiosos próprios do momento retratado. 


Diferindo-se dos escritores homens desse período em relação aos assuntos de destaque em sua obra e sobre a visão que aplica a eles, Júlia Lopes deixou um legado rico no sentido de retratação da sociedade desde a abolição da escravatura até a década de 1930. 


A situação das mulheres na Literatura da sua época


Júlia Lopes era considerada uma escritora com ideias avançadas para a sua época. Ela defendia a abolição da escravatura, a república, o divórcio, a educação formal de mulheres, a emancipação dos corpos femininos e os direitos civis. Com o texto clássico e à frente de seu tempo, ela insere em suas obras diferentes pontos de vista e representa a mulher e a diferença de tratamento a elas dado pela sociedade.




Autora bem diversificada, ela escreveu romances, contos, crônicas, ensaios e peças de teatro durante uma época em que mulheres que aspiravam a qualquer profissão, além de cuidar do lar, eram explicitamente ignoradas — ou então, simplesmente substituídas por homens. 


As mulheres, ao longo da história, criaram, atuaram, escreveram e produziram belíssimos trabalhos nas mais diversas áreas do conhecimento humano. Porém, os tempos eram ainda mais difíceis e conservadores. O protagonismo sempre acabava indo parar nas mãos de seus maridos ou professores.


Segundo o site da Editora Darkside, a abolicionista realizou inúmeras palestras ao longo de sua vida, a fim de conscientizar as mulheres sobre seus papéis de emancipação perante a sociedade misógina da época. Júlia tornou-se uma das escritoras mais publicadas durante o período da Primeira República (1889-1930). Tal sucesso lhe rendeu visibilidade e a publicação de diversos artigos e matérias que abordavam direitos iguais entre os gêneros. 


Conhecer a história de Júlia Lopes de Almeida é entender e se dar conta de que vestígios de um sexismo enraizado em nossa sociedade ainda se fazem presente na jornada de inúmeras mulheres que lutam para conquistar seus espaços. 


A partir dos anos 1970, aconteceu a redescoberta de Júlia Lopes e de outras autoras esquecidas, principalmente no meio acadêmico, nos estudos e pesquisas das áreas de Letras e Ciências Sociais. 




Escolas literárias contemporâneas de Júlia Lopes de Almeida


Realismo originário da França, o Realismo é a escola literária que analisa a realidade da época vivida pelo autor. No Brasil, ele surge depois do Romantismo e antes do Simbolismo, compreendendo os anos de 1881 a 1893 – o mesmo período em que o Naturalismo e o Parnasianismo também ocorreram. Marcado pelo objetivismo, pela veracidade e pela denúncia social, o Realismo brasileiro tem início com a obra de Machado de Assis Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicada em 1881.

Parnasianismo – movimento literário que surgiu na mesma época do Realismo e do Naturalismo, no final do século XIX. De influência e tradição clássica, tem origem na França. É baseado no culto da forma, na impassibilidade e impessoalidade, na poesia universalista e no racionalismo.


A proposta inovadora era de uma poesia de linguagem rebuscada, racional e perfeita do ponto de vista formal. Acreditavam que, se estivessem apoiados no modelo clássico poderiam contrapor os exageros e a fantasia típica do Romantismo.

Naturalismo – também surgido na França, foi um movimento artístico e cultural que se manifestou na Literatura, no teatro e nas artes plásticas. Suas características principais são a objetividade, a impessoalidade e o retrato fiel da realidade.


O movimento foi influenciado pelas correntes científicas e filosóficas que surgiam na Europa como o determinismo, o darwinismo e o cientificismo. Para os artistas naturalistas, tudo estava determinado e possuía uma explicação lógica pautada na ciência. Assim, surge uma arte de denúncia social, focada nos temas da pobreza, das desigualdades, da disputa de poder e das patologias sociais.


No Brasil, o movimento naturalista começa em 1881 com a publicação da obra O Mulato, de Aluísio de Azevedo. Já em Portugal, o movimento surge em 1875 com o romance O crime do padre Amaro, do escritor Eça de Queiroz.


Características literárias de Júlia Lopes de Almeida


Júlia Lopes de Almeida é associada ao realismo e ao naturalismo. Portanto, a sua obra mais conhecida — A falência (1901) — é marcada pela objetividade, crítica à sociedade brasileira, temática do adultério e determinismo. É possível encontrar em suas obras as seguintes características:


  • Objetividade - em oposição ao sentimentalismo.
  • Antropocentrismo - valorização da razão.
  • Crítica à sociedade brasileira.
  • Valorização do momento presente.
  • Presença da temática do adultério.
  • Cientificismo - uso exagerado de teorias científicas na análise de personagens.
  • Determinismo - influência do meio, raça e momento histórico sobre os personagens.
  • Biologismo - o comportamento dos personagens é associado a causas biológicas.
  • Zoomorfização - atribuição de características animais a seres humanos.


Pioneirismo na Literatura infantil


Pioneira da literatura infantil no Brasil, seu primeiro livro, Contos Infantis (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira




A falência, a obra bem reconhecida pela crítica


Francisco Teodoro, um português residente no Brasil, consegue ficar rico, com muito trabalho e esforço. Depois ele se casa com a bela, porém pobre, Camila, em um casamento arranjado, como era comum na época. O casal tem quatro filhos: Mário, Ruth, Lia e Raquel. Em sua casa, mora também Nina, a sobrinha de Camila, uma agregada que se ocupa da organização da casa. 


Viciado em trabalho, Francisco Teodoro, não percebe que Camila, sua esposa, tem um caso extraconjugal com um médico, o doutor Gervásio. Nessa relação, Camila busca a satisfação afetivo-sexual que não encontra no casamento, e não se sente culpada. Ela se vê em pé de igualdade com o marido.


A situação se complica quando Francisco Teodoro comete um erro em seus negócios e perde tudo. Inconformado, ele se suicida. De volta à pobreza, Camila vai viver na humilde casa de Nina, dada a ela por Francisco ainda em vida. A narrativa se concentra nas personagens femininas, pois elas são fortes e podem sobreviver sem o amparo masculino. A autonomia feminina é sugerida, sem, contudo, haver aprofundamento do tema. A obra apresenta traços do naturalismo, centrado no determinismo (influência do meio, raça e momento histórico).


Biografia


Júlia Lopes de Almeida, filha de portugueses ricos e cultos, nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Quando ainda era criança, ela e sua família se mudaram para uma fazenda, em Campinas, no estado de São Paulo. A escritora recebeu uma educação liberal e, com o apoio do pai, aos 19 anos de idade, já escrevia para A Gazeta de Campinas, atividade intelectual incomum para as mulheres da época.



Em 1886, a autora se mudou para Portugal e, lá, conheceu seu marido, o poeta Filinto de Almeida. Lançou o livro Contos Infantis, em 1887, ao lado de sua irmã, Adelina Lopes Vieira. No mesmo ano, publicou seu primeiro livro para adultos — Traços e iluminuras. No Brasil, escreveu para vários periódicos, atividade incomum para mulheres da época. Foi a única mulher entre os idealizadores da Academia Brasileira de Letras, apesar de ter sido impedida de ocupar uma cadeira nessa instituição.


Escreveu para periódicos como A Mensageira, Única, O Quinze de Novembro, Kosmos, O País, A Gazeta de Notícias, A Semana, Jornal do Comércio, Ilustração Brasileira, Tribuna Liberal e Brasil-Portugal. Também realizou palestras sobre o lugar da mulher na sociedade brasileira e outras questões nacionais.


Morreu no Rio de Janeiro, em 30 de maio de 1934, vítima de malária, possivelmente contraída em sua recente viagem à África. Deixou uma obra de autoria feminina extensa e não só literária, mas também historicamente significativa.



 Quem é quem











quinta-feira, 16 de junho de 2022

AYAAN HIRSI ALI - O ISLÃ É INCOMPATÍVEL COM OS VALORES DEMOCRÁTICOS OCIDENTAIS

 




Ayaan Hirsi Ali - pontos de vista elogiáveis, mas perigosos


Ayaan Hirsi Ali é ex-muçulmana, ativista, escritora e política. Nasceu em 1969, na Somália, mas tem nacionalidades holandesa e americana. Ayaan é bastante conhecida por sua afirmação de que o Islã é fundamentalmente incompatível com os valores democráticos ocidentais, especialmente aqueles que defendem os direitos das mulheres. 


Seu pai, Hirsi Magan Isse, era um membro proeminente da Frente Democrática de Salvação da Somália e uma figura de liderança na Revolução Somali. Assim que ela nasceu, ele foi preso por causa da sua oposição ao governo de Siad Barre, presidente da Somália de 1969 a 1971. 



Mutilação genital feminina (MGF)



Apesar de seu pai se opor à mutilação genital feminina, sua avó aproveitou que ele estava preso e mandou um  homem realizar o procedimento na neta de cinco anos. De acordo com Hirsi Ali, ela teve a sorte de sua avó não conseguir encontrar uma mulher para fazer o procedimento, pois a mutilação era "muito mais leve" quando realizada por homens. A escritora egípcia Nawal El Saadawi também sofreu essa horrível mutilação com apenas seis anos de idade. Isso foi o que primeiro despertou nela o senso de violência e injustiça presente na sociedade egípcia e muçulmana.

 

Hirsi Ali propôs, no parlamento holandês, que exames médicos anuais obrigatórios fossem feitos em todas as meninas não circuncidadas que viviam na Holanda e que vieram de países onde a MGF é praticada. Se um médico descobrisse que uma menina holandesa havia sido mutilada, seria necessário um relatório à polícia – com a proteção da criança prevalecendo sobre a privacidade. 



Em 2004, ela também criticou a circuncisão masculina , particularmente a praticada por judeus e muçulmanos, que ela considerava ser outra variante de mutilação praticada sem o consentimento do indivíduo. 



Educação religiosa nos moldes da Arábia Saudita



Como a  Arábia Saudita era responsável pelo financiamento da educação religiosa em vários países, o fundamentalismo religioso influenciava uma grande quantidade de  muçulmanos no mundo. Um carismático professor religioso, formado sob essa égide, ingressou na escola onde a adolescente Hirsi Ali estudava. Égide significa proteção, amparo, defesa. Se um ato foi praticado sob a égide de alguém, quer dizer que ele foi realizado sob a proteção e com total apoio. 


Inspirados por esse professor, Hirsi Ali e alguns de seus colegas adotaram as interpretações mais rigorosas da Arábia Saudita e do Islã, em oposição às versões mais brandas na Somália e no Quênia. Naquela época, ela simpatizava com os pontos de vista da Irmandade Muçulmana Islâmica e usava um hijab com seu uniforme escolar. 


Pior que isso, em 1989, ela concordou com a fatwa, com a sentença de morte emitida pelo Aiatolá Khomeini, ex-líder religioso do Irã, contra o escritor indiano britânico Salman Rushdie como reação ao retrato do profeta islâmico Maomé no livro Os Versos Satânicos. Rushdie viveu durante 13 anos na clandestinidade e sob proteção policial.



Críticas de Ayaan Hirsi Ali ao Islã e aos muçulmanos 


Hirsi Ali critica o tratamento dado às mulheres nas sociedades islâmicas e as punições por homossexualidade, blasfêmia e adultério. Em seu diário consta que ela foi muçulmana até 28 de maio de 2002. A partir daí, abandonou o islamismo e reconheceu sua descrença em Deus. A leitura do Manifesto ateísta do filósofo da Universidade de Leiden, Herman Philipse, ajudou a convencê-la a desistir da religião. 


Ela ficou chocada com os ataques de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, comandados pela Al-Qaeda. Depois de ouvir as fitas de vídeo de Osama bin Laden citando "palavras de justificação", ela passou a considerar o Alcorão como apenas mais um livro.



Começou, então, a formular sua crítica ao Islã e à cultura islâmica, em artigos publicados sobre esses tópicos, em programas de notícias de televisão e em fóruns de debate público. No seu livro De zoontjesfabriek (A Fábrica do Filho), de 2002, ele discute suas ideias contrárias ao islamismo. Daí em diante, começou a receber ameaças de morte. 



Participação no filme Submission e a morte do cineasta Theo van Gogh



Em 2004, ela trabalhou com o cineasta Theo van Gogh para criar Submission, um curta-metragem chocante e incendiário que retratava a opressão das mulheres sob a lei islâmica fundamentalista e criticava o próprio cânone islâmico. Hirsi Ali escreveu o roteiro e participou da dublagem. Justapostas com passagens do Alcorão, havia cenas de atrizes retratando mulheres muçulmanas sofrendo abusos. Uma atriz aparentemente nua vestida com uma burca semitransparente foi mostrada com textos do Alcorão escritos em sua pele. 


O lançamento do filme provocou indignação entre muitos muçulmanos holandeses. Principalmente em Mohammed Bouyeri, um islamista marroquino holandês de 26 anos e membro da organização terrorista muçulmana Hofstad Group. Bouyeri assassinou Van Gogh em uma rua de Amsterdã, em 2 de novembro de 2004.  Baleado e esfaqueado, o cineasta já estava morto quando o assassino cortou sua garganta com uma grande faca e tentou decapitá-lo. Uma carta, presa ao corpo de Van Gogh pedia a morte de Hirsi Ali. 



O serviço secreto holandês imediatamente elevou o nível de segurança que fornecia a ela. O assassino foi condenado à prisão perpétua, sem liberdade condicional. Apesar de lamentar a morte de Van Gogh, ela disse que estava orgulhosa do trabalho deles. 


Em janeiro de 2003, Hirsi Ali disse ao jornal holandês Trouw: Maomé é visto pelos nossos padrões ocidentais, um pervertido e um tirano, pois se casou, aos 53 anos, com Aisha, que tinha seis anos na época em que casamento foi consumado. Mais tarde, ela disse: "Talvez eu devesse ter dito um pedófilo. Muçulmanos entraram com um processo de discriminação religiosa contra ela naquele ano. O tribunal civil de Haia absolveu Hirsi Ali de todas as acusações, mas disse que ela "poderia ter feito uma escolha melhor de palavras". 





Serviços de proteção dela e de outros dissidentes muçulmanos



Auxiliada pelos serviços de segurança do governo, Hirsi Ali foi transferida para vários locais na Holanda. Eles também custearam sua estadia nos Estados Unidos por vários meses. Em 2007, foi criada a Fundação para a Liberdade de Expressão, um grupo privado, para ajudar a financiar a proteção de Ayaan Hirsi Ali e de outros dissidentes muçulmanos. 



Em março de 2006 ela co-assinou uma carta intitulada MANIFESTO: Juntos enfrentando o novo totalitarismo. ​​Entre os onze outros signatários estava Salman Rushdie - justamente contra quem a adolescente muçulmana havia apoiado a fatwa. A carta foi publicada em resposta aos protestos no mundo islâmico em torno da controvérsia dos cartuns Jyllands-Posten Muhammad ou crise dos cartuns de Muhammad, na Dinamarca.


Desavenças com o feminismo ocidental


Hirsi Ali criticou as feministas ocidentais por elas evitarem a questão da subjugação das mulheres no mundo muçulmano e destacou Germaine Greer, acadêmica e escritora australiana, reconhecida internacionalmente como uma das mais importantes feministas do século XX, por argumentar que a MGF precisa ser considerada uma "identidade cultural" que as mulheres ocidentais não entendem. 


Carreira política na Holanda



Em 1992, ela se casou – contra sua vontade – com um primo distante. Enquanto estava a caminho para se juntar a ele no Canadá, ela fugiu para a Holanda, na tentativa de escapar do casamento arranjado. Uma vez lá, ela pediu asilo político e obteve uma autorização de residência no prazo de três ou quatro semanas após a sua chegada. Durante o processo, ela mudou seu nome de Ayaan Hirsi Ali para  Ayaan Hirsi Magane, sobrenome inicial do avô paterno. 



Na Holanda, Hirsi Ali estudou ciência política na Universidade Estadual de Leiden e se formou em mestrado no ano 2000. Depois de formada, ela tornou-se membro do Wiardi Beckman Stichting (WBS), um think tank do PvdA - Partij van de Arbeid (Partido Trabalhista de centro-esquerda). Think tank é um grupo de especialistas reunidos, geralmente por um governo, para desenvolver ideias sobre um determinado assunto e fazer sugestões de ação. 



Ayaan também trabalhou para o PvdA - Partij van de Arbeid (Partido Trabalhista de centro-esquerda) como pesquisadora sobre questões de imigração. Enquanto estava no partido, ela desenvolveu uma reputação de crítica afiada tanto do Islã quanto das políticas do governo holandês em relação à imigração e à integração de imigrantes na sociedade holandesa, especialmente muçulmanos. 



Afirmou que as leis holandesas eram excessivamente flexíveis com os imigrantes, permitindo a formação de enclaves muçulmanos “atrasados”, cujas práticas representavam uma ameaça à estabilidade do país. 



Em 2006, como deputada, Hirsi Ali apoiou a decisão dos tribunais holandeses de revogar o subsídio partidário a um partido político cristão protestante conservador, o Partido Político Reformado (SGP), que não concedia plenos direitos de filiação às mulheres e retinha direitos de voto passivo de mulheres membros. Hirsi considerava que  qualquer partido político que discriminasse mulheres ou homossexuais deveria ser privado de financiamento.


Saída do parlamento holandês e promoção do seu primeiro livro



Hirsi Ali deixou o parlamento em 2006 após um anúncio do ministro da imigração de que sua cidadania holandesa era ilegítima por conta de declarações falsas que ela havia feito em seus pedidos de asilo e cidadania. 



Ela recebeu a informação do ministro holandês da Justiça, Hirsch Ballin, de que, a partir de 1º de outubro de 2007, o governo holandês não pagaria mais por sua segurança no exterior. Enquanto o debate sobre sua situação se acirrava na Holanda, ela viajou para os Estados Unidos em 2006 para promover seu primeiro livro, The Caged Virgin (A Virgem Enjaulada), publicado originalmente em holandês, em 2004. O livro é uma crítica ao fracasso dos países ocidentais em reconhecer e agir sobre a opressão das mulheres nas sociedades muçulmanas.




Mudança para os Estados Unidos



Em 17 de abril de 2007, a comunidade muçulmana de Johnstown, Pensilvânia, protestou contra a sua palestra programada para o campus local da Universidade de Pittsburgh. O imã de Pittsburgh, Fouad El Bayly, teria dito que a ativista merecia a sentença de morte, mas deveria ser julgada em um país islâmico. 



Em 25 de setembro de 2007, Hirsi Ali recebeu seu cartão de residente permanente dos Estados Unidos (green card). Em Washington, ela foi recebida como membro residente pelo AEI - American Enterprise Institute para Pesquisa de Políticas Públicas, um think tank conservador. 



Em 2011, Hirsi Ali casou-se com o historiador britânico Niall Ferguson e migrou para os Estados Unidos, após as controvérsias sobre a sua cidadania holandesa. Em 2013, ela se tornou cidadã americana.



Obras literárias de Ayaan Hirsi Ali



Cinco anos depois de sua chegada aos Estados Unidos, ela publicou dois livros, Herege: Por que o Islã precisa de uma reforma agora (2015) e Prey: Immigration, Islam, and the Erosion of Women’s Rights (2021). Esses livros abordam essas questões por meio de relatos pungentes dos abusos e adversidades que ela experimentou como muçulmana somali, apóstata e crítica internacionalmente proeminente do Islã. Como seus livros anteriores, Infidel (2007) e Nomad (2010), eles se tornaram best-sellers. 



Prêmios e críticas desfavoráveis



Em 2005, Hirsi Ali foi nomeada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ela também recebeu vários prêmios, incluindo um prêmio de liberdade de expressão do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, o Prêmio de Democracia do Partido Liberal Sueco, e o Prêmio Coragem Moral por compromisso com a resolução de conflitos, ética, e cidadania mundial. Em 2007, ela criou a Fundação Ayaan Hirsi Ali (AHA), com sede na Filadélfia, para ajudar a proteger as mulheres no Ocidente contra o islamismo militante.





Em janeiro de 2006, ela foi reconhecida como Europeia do Ano pela revista americana Reader's Digest. Em seu discurso, ela pediu ações para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares . Disse também que o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad deveria aceitar sua palavra ao querer organizar uma conferência para investigar evidências objetivas do Holocausto. Antes de ir para a Europa, ela declarou que nunca tinha ouvido falar do Holocausto. Esse é o caso de milhões de pessoas no Oriente Médio. Tal conferência deveria ser capaz de convencer muitas pessoas a não negarem o genocídio contra os judeus. 



Seus críticos a acusam de ter construído sua carreira política na islamofobia e questionam suas credenciais acadêmicas "para falar com autoridade sobre o Islã e o mundo árabe". Suas obras foram acusadas por eles de usar o neo-orientalismo e de ser uma encenação do discurso colonial da "missão civilizadora". 



 Quem é quem






MARY WOLLSTONECRAFT, A PRECURSORA DO FEMINISMO NA EUROPA

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