quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

CAROLINA MARIA DE JESUS. MULHER, NEGRA, MÃE SOLTEIRA, SEMIANALFABETA, FAVELADA E ESCRITORA

 







Carolina Maria de Jesus tinha tudo para não ser escritora, mas foi!



Autora de Quarto de Despejo, livro em forma de diário que conta sua história na Favela Canindé, Carolina tinha tudo para não ser escritora, mas foi! 


O livro é repleto de luta, superação e sofrimento, por ser o relato de uma mulher, negra, mãe solteira, semianalfabeta e favelada, no Brasil do século XX.


Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, em uma comunidade rural de Sacramento, Minas Gerais.


Filha de pais analfabetos, conseguiu frequentar o colégio Alan Kardec graças a Maria Leite Monteiro de Barros, uma das patroas de sua mãe. Estudou apenas dois anos, o suficiente para ser alfabetizada e tomar gosto pela leitura.


Como em sua casa não havia livros, ela recorria a uma vizinha. Foi assim que leu o seu primeiro livro, A Escrava Isaura, de Bernardo Guimarães. Em 1924, sua família se mudou para a cidade de Lageado (MG) Trabalharam na roça, até1927, quando retornaram a Sacramento.


De Sacramento a São Paulo


Ainda em Sacramento, ela e sua mãe foram acusadas de roubo. A mãe ficou presa até descobrirem que não houve roubo algum. Esse fato foi decisivo para ela deixar Sacramento rumo à cidade de São Paulo.


Em 1947, foi morar na Favela Canindé, na zona norte da cidade, onde hoje fica o estádio da Portuguesa. Nessa época, a cidade estava modernizando-se e as primeiras favelas começavam a surgir.


Trabalhou como empregada doméstica na casa de Euryclides de Jesus Zerbini, quinto cirurgião do mundo e o primeiro da América Latina e do Brasil a realizar um transplante de coração. Carolina passava suas folgas na biblioteca da casa.


Depois de ficar grávida sem ser casada, passou a viver de pegar papel na rua, separando os melhores para a sua escrita diária. Escrevia sobre seu dia a dia na favela.


Em 1958, o jornalista Audálio Dantas foi à favela do Canindé fazer uma matéria e encontrou Carolina. Ela lhe mostrou os papéis de diário e ele, imediatamente, percebeu que já tinha tudo e muito mais o que falar sobre a localidade.




Admirado com a capacidade de expressão da escritora, Audálio resolveu ajudá-la a publicar seu primeiro e mais famoso livro. Apesar da pouca escolaridade, o conhecimento adquirido na escola foi o que lhe possibilitou escrever o livro que foi a alavanca de sua vida.


Alguns trechos dos cadernos foram publicados em uma reportagem no Folha da Noite do dia 9 de maio de 1958. Outra parte saiu na revista O cruzeiro, no dia 20 de junho de 1959. 


Publicado em agosto de 1960, pela editora Francisco Alves, Quarto de despejo – diário de uma favelada
organizado e revisado por Audálio, era uma reunião de cerca de 20 diários escritos de 15 de julho de 1955 a 01 de janeiro de 1960


O jornalista garante que o que fez no texto foi editar de modo a evitar muitas repetições e alterar questões de pontuação, de resto, diz ele, trata-se dos diários de Carolina na íntegra. O livro foi um sucesso de vendas e de público porque lançou um olhar original da favela e sobre a favela.


Muito se questionou na época sobre a autenticidade do texto, que alguns atribuíram ao jornalista e não a ela. Mas muitos também reconheceram que aquela escrita conduzida com tal verdade só poderia ter sido elaborada por quem tivesse vivenciado aquela experiência.




O título do livro é atribuído à imagem que Carolina tem da favela enquanto um quarto de despejo.  Os moradores da favela foram colocados ali por ordem do governo. Moradores de rua foram despejados nessas áreas, que, futuramente, viriam a tornar-se as favelas.


No Brasil, mais de 100 mil livros foram vendidos em apenas um ano (1960). Traduzido para treze idiomas, Carolina ganhou o mundo e foi comentada por grandes nomes da Literatura brasileira como Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz e Sérgio Milliet.





O sucesso de vendas representou sua saída da favela e a hostilidade dos moradores daquela comunidade, que se sentiram expostos por ela. Apesar de ter saído da pobreza, do dia para a noite, Carolina não conseguiu manter o dinheiro que ganhou e no final da vida voltou a passar por dificuldades financeiras.



A partir do segundo livro, Casa de alvenaria, que trazia o subtítulo diário de uma ex-favelada, Carolina voltou, ao ostracismo. Enfrentou o preconceito de uma sociedade que, em grande parte, relacionava seu talento com a figura de Audálio — um homem branco e letrado.


Em seus livros posteriores, não alcançou o lucro que havia feito com sua primeira publicação, chegando, então, a voltar a pegar papel na rua para sobreviver.


A escritora faleceu em 13 de fevereiro de 1977, aos 62 anos, em um sítio onde residia, na periferia de São Paulo, devido a uma insuficiência respiratória. Infelizmente, nessa época já estava esquecida do público e da mídia.


Deixou seus três filhos, frutos de relacionamentos com homens que não assumiram a paternidade: João José, José Carlos e Vera Eunice. Criou todos sozinha. A professora Vera Eunice, a caçula, é a única viva.


Quarto de Despejo também teve importante impacto social porque chamou a atenção para o problema das favelas, ainda embrionário no Brasil. 


Foi uma oportunidade de se debater tópicos essenciais como o saneamento básico, a recolha de lixo, a água encanada, a fome, a miséria, ou seja, a vida em um espaço onde até então o poder público não havia chegado.


Obras







Sua última obra, Diário de Bitita – um Brasil para brasileiros, foi publicada primeiro na França pela Éditions Métailié, com o título de Journal de Bitita, e no Brasil em 1986.



Quarto de Despejo – resumo e análise


Rebeca Fuks, Doutora em Estudos da Cultura, faz um resumo e uma análise do livro que projetou Carolina Maria de Jesus. Apresento aqui uma síntese. O texto completo está no link no final da página.


Quarto de Despejo é uma leitura dura, difícil, que expõe situações críticas de quem não teve a sorte de ter acesso a uma mínima qualidade de vida. Extremamente honesto e transparente, vemos na fala de Carolina a personificação de uma série de falas possíveis de outras mulheres que se encontram igualmente em uma situação social de abandono.


A redação de Carolina – a sintaxe do texto – por vezes foge ao português padrão e por vezes incorpora palavras rebuscadas que ela parece ter aprendido com as suas leituras. Em diversas entrevistas, ela se identificou como uma autodidata e disse que aprendeu a ler e a escrever com os cadernos e livros que recolhia das ruas.


Na entrada do dia 16 de julho de 1955, por exemplo, vemos uma passagem onde a mãe diz para os filhos que não há pão para o café da manhã. Convém observar o estilo da linguagem utilizada:




Em termos textuais vale sublinhar que há falhas como a ausência de acento (em água) e erros de concordância (comesse aparece no singular quando a autora se dirige aos filhos, no plural).


Carolina transparece o seu discurso oral e todas essas marcas na escrita ratificam o fato de ter sido efetivamente a autora do livro, com as limitações do português padrão de quem não frequentou integralmente a escola.


Quarto de Despejo explora os meandros da vida dessa trabalhadora mulher e transmite a dura realidade de Carolina, o constante esforço contínuo para manter a família de pé sem passar maiores necessidades:




Superando a questão da escrita, vale sublinhar como no trecho acima, escrito com palavras simples e tom coloquial, Carolina lida com uma situação dificílima: não ser capaz de colocar pão a mesa pela manhã para os filhos.


Ao longo da escrita, ela sublinha que sabe a cor da fome – e ela seria amarela. A catadora teria visto o amarelo algumas vezes ao longo dos anos e era daquela sensação que mais tentava fugir. 




Além de trabalhar para conseguir comprar comida, a moradora Carolina também recebia doações e buscava restos de alimento nas feiras e até no lixo quando era preciso. 


Ao invés de lidar com o pesar da cena de modo dramático e depressivo, a mãe é assertiva e escolhe seguir em frente encontrando uma solução provisória para o problema.


Por outro lado, inúmeras vezes ao longo do texto, a narradora se depara com a raiva, com o cansaço e com a revolta de não se sentir capaz de nutrir as necessidades básicas da família:





Se Carolina muitas vezes se sente vítima de preconceito por não ser casada, por outro lado agradece o fato de não ter um marido, que para muitas daquelas mulheres representa a figura do abusador.




Acima de tudo, Quarto de Despejo é uma história de sofrimento e de resiliência, de como uma mulher lida com todas as dificuldades impostas pela vida e ainda consegue transformar em discurso a situação limite vivida.




Acervo no IMS – Instituto Moreira Salles


O Acervo Carolina Maria de Jesus chegou ao Instituto Moreira Salles em 2006. É formado apenas de arquivo com produção intelectual contendo dois cadernos manuscritos: um deles intitulado Um Brasil para os brasileiros: contos e poemas, e outra coletânea do mesmo gênero, sem título.



A Biblioteca de Apoio ao arquivo de Carolina consta o filme Favela: a vida na pobreza. Inédito até 2014, foi gravado pela alemã Christa Gottmann-Elter em 1971, mas teria sido impedido de circular no Brasil do regime militar por seu caráter de denúncia social e econômica que contradizia a ideia de um país moderno que os militares passavam aos brasileiros.





Links utilizados e sugeridos











Favela do Canindé

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

RACISMO ESTRUTURAL X MANUAL ANTIRRACISTA – O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISSO?








Tudo! Racismo estrutural e Manual Antirracista diz respeito a todas e todos

Não importa se você é branco, negro, indígena, asiático, árabe ou o que for porque racismo só se combate com envolvimento de toda a sociedade. Por isso, todos nós temos muito a ver com o racismo estrutural e com o Manual Antirracista.

 

Vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências humanas, o Pequeno Manual Antirracista de autoria da filósofa, ativista social, professora e escritora Djamila Ribeiro, mostra, em onze lições breves, como entender as origens do racismo e como combatê-lo.

 

Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.




Racismo estrutural, origens e perpetuamento

 

Há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais. É um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito.

 

O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão. Isso quer dizer que, durante 130 anos, homens e mulheres negros foram traficados e mantidos em condições subumanas de trabalho não remunerado.

 

Porém, quando a classe dominante percebe que a escravidão não se sustenta mais como modelo econômico, começa a tomar uma série de medidas, inclusive legislativas para possibilitar a marginalização de homens e mulheres, negros e negras.

 

A escravidão foi abolida em 1888, mas só no papel, porque nenhum direito foi garantido aos escravos libertos. Esses homens e mulheres não tiveram nenhum acesso à terra, muito menos a qualquer tipo de indenização ou reparo por tanto tempo de trabalho forçado.




Muitos deles continuaram nas fazendas em que trabalharam forçosamente, antes da alforria. Outros buscaram o trabalho pesado e informal, tendo pouca diferença de como eram tratados antes da abolição. Esses homens e mulheres passaram então a ser vistos como preguiçosos, vagabundos e vadios.

 

Pequeno Manual Antirracista

 

Antirracismo é a ideologia contrária ao racismo, que se opõe a qualquer prática racista, de discriminação e de segregação racial. É uma forma de ação contra o ódio, preconceito racial, racismo sistêmico e a opressão estrutural de grupos marginalizados racial e etnicamente.



 

Em onze capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. São eles:

 

Informe-se sobre o racismo – reconhecer o racismo é a melhor forma de combatêlo. Não tenha medo das palavras “branco”, “negro”, “racismo”, “racista”. Dizer que determinada atitude foi racista é apenas uma forma de caracterizá-la e definir seu sentido e suas implicações. A palavra não pode ser um tabu, pois o racismo está em nós e nas pessoas que amamos — mais grave é não reconhecer e não combater a opressão.

 

Enxergue a negritude – “não me descobri negra, fui acusada de sê-la.” Joice Berth. O início da vida escolar foi para mim o divisor de águas. O mundo apresentado na escola era o dos brancos, no qual as culturas europeias eram vistas como superiores, o ideal a ser seguido. Eu reparava que minhas colegas brancas não precisavam pensar o lugar social da branquitude, pois eram vistas como normais: a errada era eu. Crianças negras não podem ignorar as violências cotidianas, enquanto as brancas, ao enxergarem o mundo a partir de seus lugares sociais — que é um lugar de privilégio — acabam acreditando que esse é o único mundo possível.

 

Reconheça os privilégios da branquitude – Pessoas brancas não costumam pensar sobre o que significa pertencer a esse grupo, pois o debate racial é sempre focado na negritude. A ausência ou a baixa incidência de pessoas negras em espaços de poder não costuma causar incômodo ou surpresa em pessoas brancas. Para desnaturalizar isso, todos devem questionar a ausência de pessoas negras em posições de gerência, autores negros em antologias, pensadores negros na bibliografia de cursos universitários, protagonistas negros no audiovisual. E, para além disso, é preciso pensar em ações que mudem essa realidade.

 

Perceba o racismo internalizado em você – a maioria das pessoas admite haver racismo no Brasil, mas quase ninguém se assume como racista. Pelo contrário, o primeiro impulso de muita gente é recusar enfaticamente a hipótese de ter um comportamento racista: “Claro que não, afinal tenho amigos negros”, “Como eu seria racista, se empreguei uma pessoa negra?”, “Racista, eu, que nunca xinguei uma pessoa negra?”. A partir do momento em que se compreende o racismo como um sistema que estrutura a sociedade, essas respostas se mostram vazias. É impossível não ser racista tendo sido criado numa sociedade racista. É algo que está em nós e contra o que devemos lutar sempre.

 

Apoie políticas educacionais afirmativas – por causa do racismo estrutural, a população negra tem menos condições de acesso a uma educação de qualidade. Geralmente, quem passa em vestibulares concorridos para os principais cursos nas melhores universidades públicas são pessoas que estudaram em escolas particulares de elite, falam outros idiomas e fizeram intercâmbio. E é justamente o racismo estrutural que facilita o acesso desse grupo. Esse debate não é sobre capacidade, mas sobre oportunidades — e essa é a distinção que os defensores da meritocracia parecem não fazer.

 

Transforme seu ambiente de trabalho – se você tem ou trabalha numa empresa, algumas questões que você deve colocar são: Qual a proporção de pessoas negras e brancas em sua empresa? E como fica essa proporção no caso dos cargos mais altos? Como a questão racial é tratada durante a contratação de pessoal? Ou ela simplesmente não é tratada, porque esse processo deve ser “daltônico”? Há, na sua empresa, algum comitê de diversidade ou um projeto para melhorar esses números? Há espaço para um humor hostil a grupos vulneráveis? Perguntas desse tipo podem servir de guia para uma reavaliação do racismo nos ambientes de trabalho. Como diz a pesquisadora Joice Berth, a questão, para além de representatividade, é de proporcionalidade.

 

Leia autores negros – a importância de estudar autores negros não se baseia numa visão essencialista, ou seja, na crença de que devem ser lidos apenas por serem negros. A questão é que é irrealista que numa sociedade como a nossa, de maioria negra, somente um grupo domine a formulação do saber. É possível acreditar que pessoas negras não elaborem o mundo? O privilégio social resulta no privilégio epistêmico, que deve ser confrontado para que a história não seja contada apenas pelo ponto de vista do poder. É danoso que, numa sociedade, as pessoas não conheçam a história dos povos que a construíram.

 

Questione a cultura que você consome – o debate sobre racismo se mostra urgente quando falamos de mídia e de acesso a recursos para produções audiovisuais. No documentário A negação do Brasil, o diretor Joel Zito Araújo analisa a influência das telenovelas no imaginário coletivo nacional, enquanto faz uma denúncia contra o racismo televisivo e o papel estereotipado destinado a atores negros e atrizes negras, como na novela A cabana do Pai Tomás, de 1969, na qual o ator Sérgio Cardoso se pintou de preto para interpretar o papel do protagonista, o escravizado Tomás.

 

Conheça seus desejos e afetosas mulheres negras são ultrassexualizadas desde o período colonial. No imaginário coletivo brasileiro, propaga-se a imagem de que são “lascivas”, “fáceis” e “naturalmente sensuais”. Essa ideia serve, inclusive, para justificar abusos: mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual no país. as mulheres negras são ultrassexualizadas desde o período colonial. No imaginário coletivo brasileiro, propaga-se a imagem de que são “lascivas”, “fáceis” e “naturalmente sensuais”. Essa ideia serve, inclusive, para justificar abusos: mulheres negras são as maiores vítimas de violência sexual no país. Essa sexualização retira a humanidade das mulheres, pois deixamos de ser vistas com toda a complexidade do ser humano. Somos muitas vezes importunadas, tocadas, invadidas sem a nossa permissão. Muitas vezes temos nossos nomes ignorados, sendo chamadas de “nega”. São atitudes que parecem inofensivas, mas que para mulheres negras são recorrentes e violentas.

 

Combata a violência racial – o Atlas da Violência de 2018, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revelou que a população negra está mais exposta à violência no Brasil. Os negros representam 55,8% da população brasileira e são 71,5% das pessoas assassinadas. Entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de indivíduos não negros (brancos, amarelos e indígenas) diminuiu 6,8%, enquanto no mesmo período a taxa de homicídios da população negra aumentou 23,1%. Segundo dados da Anistia Internacional, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil, o que evidencia que está em curso o genocídio da população negra, sobretudo jovens.

 

Sejamos todos antirracistasacordar para os privilégios que certos grupos sociais têm e praticar pequenos exercícios de percepção pode transformar situações de violência que antes do processo de conscientização não seriam questionadas. Pessoas brancas devem se responsabilizar criticamente pelo sistema de opressão que as privilegia historicamente, produzindo desigualdades, e pessoas negras podem se conscientizar dos processos históricos para não os reproduzir. Este livro é uma pequena contribuição para estimular o autoconhecimento e a construção de práticas antirracistas.




Quem é Djamila Ribeiro



Nascida em Santos, São Paulo, no dia 1 de agosto de 1980, Djamila Taís Ribeiro dos Santos é uma importante voz contemporânea em defesa dos negros e das mulheres. Corajosamente ela denuncia a violência e a desigualdade social - principalmente contra negros e mulheres – tão características da sociedade brasileira.

 

Formada em filosofia, com mestrado na mesma área, pela Universidade Federal de São Paulo, Djamila chegou a ser secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo em 2016.


Atualmente, ela é colunista da Folha de São Paulo e da Elle Brasil, além de atuar como professora convidada da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

 

Djamila traz à tona o racismo estrutural, que é herança dos tempos da escravidão e que, até hoje, condena, a população negra a um determinado lugar social, com os piores índices de desenvolvimento humano e fora dos espaços de poder.

 

A ativista fala sobre um sistema social onde o Poder Judiciário, ao invés de se manter isento, está profundamente relacionado com a polícia, muitas vezes favorecendo os militares e condenando jovens negros sem as devidas provas. Ela desafia a repensarmos enquanto sociedade as formações que são dadas aos policiais militares.

 

Para a escritora, a miscigenação no Brasil foi romanceada, o que levou muitos ingenuamente a acreditarem que não havia racismo no Brasil. O seu desafio é justamente mostrar o preconceito racial que se encontra entranhado na sociedade brasileira e ajudar, de alguma forma, a combatê-lo, dando ferramentas para o grande público (re)pensar a sua postura social.


Premiações:


2016 - O livro O que é lugar de fala? Foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria Humanidades.

2019 - Prêmio Prince Claus na categoria Filosofia, oferecido pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda, por reconhecimento da sua luta ativista.

2020 - Prêmio Jabuti na categoria Ciências Humanas pelo livro Pequeno manual antirracista.


Livros publicados:


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