domingo, 24 de abril de 2022

ANA CRISTINA CESAR, POETA DA “GERAÇÃO MIMEÓGRAFO” OU “POESIA MARGINAL”

 






O que foi a Geração Mimeógrafo” ou “Poesia Marginal”


A carioca Ana Cristina Cesar, poetisa, tradutora e crítica de arte foi uma importante personagem da história literária brasileira, contribuindo ativamente para as discussões políticas e intelectuais de sua época.

 

Dotada de privilegiada consciência crítica, acreditava que Literatura e vida eram indissociáveis. Na década de 1970 ela se destacou por sua poesia intimista marcada pela informalidade e com seu talento para aspectos diversos da atividade intelectual.

 

Ana C, como também era conhecida, pertencia ao grupo chamado Geração Mimeógrafo ou Poesia Marginal, inspirado nos movimentos de contracultura. A principal característica dessa geração era a busca de meios alternativos para a circulação de suas obras pois as grandes editoras mantinham as portas fechadas para esses escritores.  


Um movimento revolucionário e “fora do sistema”


A Poesia Marginal, movimento literário brasileiro das décadas de 1970 e 1980, ganhou esse nome não por ser da periferia e sim devido ao formato como suas obras eram publicadas e divulgadas, ou seja, à margem do mercado editorial. Ele floresceu em um conturbado momento político e sob a censura imposta pela ditadura militar.

 



Essa produção poética “fora do sistema” era divulgada pelos próprios poetas a partir de pequenas tiragens de cópias mimeografadas distribuídas de mão em mão nas ruas e praças, ou mesmo jogadas do alto de edifícios. Eles também vendiam sua arte a baixo custo, nos bares, praças, teatros, cinemas, universidades e por aí vai.

 

Os escritores e poetas da época tinham de lidar com a violência da ditadura – tanto a visível, nas ruas reprimindo os cidadãos, como a invisível, que se observava nos meios de comunicação de massa. Em vez dos temas nacionais clássicos, abordados pela Literatura convencional, os autores buscavam inspiração em assuntos como o cotidiano, a cor da pele, o corpo e a sexualidade. Isso, certamente, não agradava aos militares.

 




A produção desses poetas também traduzia os anseios e angústias de uma geração que vivenciou a implantação do Ato Institucional Número Cinco, AI-5, e, por consequência, não pôde mais relatar suas histórias devido ao intenso rigor da censura.  Frequentemente eles faziam críticas à noção estabelecida de poesia e à exigência de um leitor bem preparado para a compreensão dos textos.

 

A temática cotidiana e erótica era cheia de sarcasmo, humor, ironia, palavrões e gírias da periferia. Os poetas marginais recusavam qualquer modelo literário e por isso não se “encaixavam” em nenhuma escola ou tradição literária.

 

A antologia 26 poetas hoje, de Heloísa Buarque de Hollanda

 

Com a publicação do livro 26 poetas hoje, em 1975, Heloísa Buarque de Hollanda, mestre e doutora em Literatura brasileira, reuniu os principais escritores marginais da época em uma antologia que lhes deu visibilidade e provocou bastante polêmica porque boa parte da crítica não considerava como poesia os textos selecionados por ela. Em 1976, graças a esse livro, Ana Cristina Cesar ganhou maior visibilidade e fama. Heloísa Buarque viria, posteriormente, a ser sua orientadora de mestrado.

 

A editora espanhola Labor, recém-chegada ao Brasil, convidou Heloísa para organizar uma antologia com a poesia dos assim chamados Filhos da ditadura. Seria o primeiro lançamento da filial brasileira. Com isso, a poesia marginal entrou no circuito comercial com o aval de uma grande editora, o que garantiu sua distribuição. Essa apresentação crítica contribuiu para legitimar a Poesia Marginal.

 

Uma estranha no ninho ou um ninho estranho a ela?

 

Ana Cristina diferia desse grupo por seu estilo próprio de escrita, fortemente influenciado pela leitura de escritores consagrados e de sua experiência com a crítica e a tradução. O lugar da Literatura, para a autora, era um lugar de resistência. Resistência também ao local de onde ela vinha, a classe média da Zona Sul carioca, que não a representava ou, pelo menos, pela qual não se queria representar.





Estar num lugar “especial” dentro da poesia marginal também a incomodava. Ela gostava de escrever e ser lida, mas evitava aparecer. É inevitável não perceber, nas letras de seus poemas, como essa exposição a incomodava.

 

As características singulares da sua escrita

 

Críticos e estudiosos apontam a sua sólida formação teórica e acadêmica como um dos elementos diferenciais de sua obra. Seus textos são caracterizados por um discurso confessional, tom coloquial, ironia e fragmentação. Devido ao seu vasto repertório intelectual, sua poesia ultrapassou as agendas ideológicas.




Ana criou uma dicção muito própria, que combinava a prosa e a poesia, o pop e a alta Literatura, o íntimo e o universal, o masculino e o feminino. Por conta de um senso estético ímpar, diferenciou-se de seus contemporâneos. Nesse sentido, sua obra apresenta características singulares, que não permitiriam considerá-la plenamente como poeta marginal.

 

Para alguns estudiosos sua produção literária não rompe por completo com os modelos convencionais e nela podem ser encontradas referências a autores consagrados da Literatura nacional e internacional.

 

A carta e o diário, dois gêneros marcados pela intimidade e às vezes considerados menores, destacam-se na poética de Ana Cristina. Em suas cartas, a escritora tinha um destinatário definido, alguém a quem não apenas fazia confissões, como também tratava de assuntos diversos. Já sua escrita em diário relata situações do cotidiano.








O cotidiano apresenta-se em seus textos como uma necessidade de escrever, pela poesia, um diário. Diário de emoções, de invasões à própria alma, de falar do corpo, de preferência o seu. Isso, às vezes, lhe traz arrependimento por ter contado o fato, mas ressoa como um alívio por ter sido exposto.

 

Entre fragmentos de diário, cartas fictícias, cadernos de viagem, sumários arrojados, textos em prosa e poemas líricos, Ana Cristina cativava seus interlocutores, num permanente jogo de velar e desvelar.

 

Poesias precoces de uma criança que já nasceu poeta

 

Ainda criança, no Colégio Bennet, em que sua mãe era professora, Ana Cristina demonstrava talento para a Literatura. Em 1956, com apenas quatro anos, ela recitava seus primeiros versos para a mãe porque ainda não tinha o domínio da escrita.

 

A primeira publicação de seus poemas, aos sete anos, foi no jornal carioca Tribuna da Imprensa. Completou o curso primário e o secundário no mesmo colégio, de 1961 a 1963, onde criou o jornal Juventude Infantil.





O poema Uma poesia de criança foi um dos primeiros a ser publicado. A composição, com cinco estrofes, saiu em agosto de 1958 no boletim escolar direcionado aos professores da educação infantil do Colégio Bennett.



O contato com a Literatura inglesa e seu interesse pela tradução

 

Em 1969, Ana Cristina Cesar fez intercâmbio na Inglaterra e passou um período na Universidade de Essex, em Londres, com bolsa concedida por instituições protestantes. O contato com a Literatura inglesa despertou seu interesse pela tradução de peças literárias.

 

Em 1980, recebeu o título de Master of Arts em Theory and Practice of Literary Translation (mestrado em teoria e prática da tradução literária). Entre seus trabalhos mais notáveis no gênero, destaca-se The Annotated Bliss, com 80 notas explicativas, tradução do famoso texto de Katherine Mansfield, que legitimou seu talento como tradutora e constituiu sua dissertação de mestrado em Essex. Nessa tradução a personagem Bertha Young vive um momento como se “tivesse de repente engolido o sol de fim de tarde e ele queimasse dentro do seu peito”.

 

Suicídio, o final trágico de uma vida intensa e produtiva

 

Em 29 de outubro de 1983, aos 31 anos, Ana Cristina César se atirou da janela do sétimo andar do prédio onde seus pais moravam. Quarenta minutos antes desse ato, Ana recebeu um telefonema do poeta e amigo Armando Freitas Filho.

 

O suicídio foi, simbolicamente, o selo posto sobre a sua vida de poeta, a qual, somada à sua poesia, transformaram a figura de Ana Cristina César em um tipo de mito. Por outro lado, isso trouxe uma pressuposição negativa à sua obra e orientou críticos e leitores a recepcionar a sua poesia como os escritos de uma suicida em potencial que, pouco a pouco, vai revelando seus intentos.

 

Biografia curta

 

Ana Cristina Cesar nasceu no dia 2 de junho de 1952 no Rio de Janeiro, filha de família protestante culta da classe média. Sua mãe, Maria Luiza Cesar, era professora de Literatura e seu pai, Waldo Aranha Lenz Cesar, era sociólogo e teólogo, com participação ativa no movimento intelectual – não apenas no campo religioso. Waldo foi um membro fundador da Editora Terra e Paz.

 

Ana licenciou-se em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, e realizou seu mestrado na Escola de Comunicação da UFRJ. Em 1975, Heloisa Buarque de Hollanda, também sua professora, a incluiria na antologia 26 poetas hoje, seleção de talentosos representantes da geração daquela década.


Cesar começou a publicar poemas e textos de prosa poética na década de 1970 em coletâneas, revistas e jornais alternativos. Seus primeiros livros, Cenas de Abril e Correspondência Completa, foram lançados em edições independentes.

 



Armando Freitas Filho, poeta brasileiro, foi o melhor amigo de Ana Cristina, para quem ela deixou a responsabilidade de cuidar postumamente das suas publicações. O acervo pessoal da autora está sob tutela do Instituto Moreira Salles. A família fez a doação mediante a promessa de os escritos ficarem no Rio de Janeiro.


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domingo, 10 de abril de 2022

ALAÍDE FOPPA – POESIA, FEMINISMO E SEQUESTRO MISTERIOSO NA GUATEMALA

 




Sequestro e desaparecimento até hoje não explicados

Em 19 de dezembro de 1980, a poetisa guatemalteca Alaíde Foppa desapareceu na cidade da Guatemala por volta do meio-dia. Segundo duas testemunhas oculares, ela e seu motorista, Leocadio Actun Shiroy, foram detidos por homens armados, provavelmente do Serviço de Inteligência do Exército da Guatemala G-2, por ordem do governo militar do general Fernando Romeo Lucas García. Seu marido, Alfonso Solórzano foi ministro do governo do presidente Jacobo Árbenz Guzmán e fundador do primeiro sistema de previdência social da Guatemala.

Ela era apresentadora do programa de rádio Foro de la mujer, transmitido pela Radio Universidad. Seu trabalho neste programa pode ter provocado seu desaparecimento. Ela havia gravado recentemente uma entrevista, até então ainda não transmitida, com mulheres índias da província de Qiché na Guatemala, uma das áreas mais ativas de oposição guerrilheira ao governo militar do país.


Alaíde Foppa foi uma poetisa, tradutora, crítica de arte, professora e ativista feminista. Ela falou pelas mulheres que foram silenciadas durante a ditadura de seu país. Denunciou os intocáveis ​​e a injustiça na Guatemala. Em 1980, exilada no México, ela viajou para a Guatemala com a intenção de renovar o passaporte e visitar a mãe. Calar a sua voz foi o motivo do desaparecimento.




Após o desaparecimento, seus parentes vasculharam os hospitais da Cidade da Guatemala, mas não encontraram vestígios dela. Apelações foram feitas ao governo (dois membros do governo eram parentes dela) por meio de órgãos internacionais como o Comitê de Direitos Humanos da ONU, que apresentaram uma longa lista de intelectuais e figuras culturais internacionalmente conhecidas. Não houve nenhuma resposta.


Vários amigos ainda esperavam ou exigiam que ela voltasse viva. O escritor hondurenho, Augusto Monterroso,  também tentou dar lugar a este duelo. Em seu diário La carta, de 1984, ele observa a terra natal de Foppa, do avião, a caminho de Manágua, e lembra dolorosamente da amiga:


A Guatemala “passa” agora abaixo de nós. Imagina [...]. Lá embaixo nas montanhas, nas cidades e nas aldeias, nossos amigos em luta, nossos mortos; mais um dia em suas vidas e em suas mortes por uma causa que também não é a dos norte-americanos, e isso diz que causa é essa: a causa popular, a poetisa Alaíde Foppa, torturada, morta e desaparecida; a de seus filhos, mortos em combate.


Elena Poniatowska, escritora e jornalista mexicana, ganhadora do Prêmio Cervantes de Literatura, em 2014, diz ser difícil aceitar o desaparecimento definitivo da poetisa e pensa: “Agora ela vai abrir a porta e entrar. O telefone tocará e eu ouvirei sua voz.”


Muitos autores que a conheceram pessoalmente destacam seu caráter doce, sua personalidade encantadora, sua cultura e também seu trabalho como feminista e intelectual.




Quatro décadas de turbulências políticas


A Revolução de Outubro de 1954, na Guatemala, neutralizou todas as tentativas parlamentares de manter o sistema tradicional, abrindo espaço para todas as mudanças democráticas em um país marcado por sucessivos golpes militares, acordos oligárquicos repressão.


A Revolução gerou mudanças democráticas e a Lei de Reforma Agrária. Juan José Arévalo, o primeiro presidente democraticamente eleito, iniciou um processo de modernização do Estado, ampliando suas funções e o acesso da população aos serviços públicos.


Seu sucessor, Jacobo Árbenz Guzmán, tinha o objetivo de avançar nos processos de transformação. Porém, em 19 de dezembro de 1954, um golpe de Estado forçou a renúncia de Árbenz, e instalou a sangrenta ditadura de Carlos Castillo Armas, comandada pelos Estados Unidos.




Guerra Civil na Guatemala


Ocorrida entre os anos de 1960 e 1996, foi um confronto bélico entre diversos grupos de guerrilheiros e o governo. Estimativas indicam que aproximadamente 40 mil pessoas desapareceram e 150 mil perderam a vida.


Suas origens remontam ao Golpe de Estado de 1954. Essa estratégia havia sido traçada pela CIA - Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos. O ditador Carlos Castillo tinha ligações com esquadrões da morte e grupos anticomunistas. Em 1958, Castillo foi assassinado e substituido pelo general Miguel Ydígoras Fuentes.


Em 1960, jovens militares contrários às ações do governo guatemalteco organizaram um levante, mas não tiveram sucesso. Após o fracasso, esses soldados desertaram e estabeleceram contato com as forças armadas do governo de Cuba, que havia recentemente consolidado um regime socialista.


Durante a década de 1970, alguns filhos de Foppa se envolveram com a guerrilha, principalmente com o Exército Guerrilheiro dos Pobres (EGP). Em 1980, seu filho Juan Pablo morreu em Nebaj, cidade guatemalteca, do departamento de El Quiché. Seu marido foi atropelado e morto em 1980, na cidade do México.


Envolvimento político


Foppa começou a se envolver politicamente após a morte de Juan Pablo. Sua luta pelos direitos das mulheres e dos indígenas foi fundamental para o feminismo no México, onde co-fundou a revista Fem, em 1976. Sua morte trágica também é o tema central do livro de Gilda Salinas, Alaíde Foppa – o eco do seu nome, que junta depoimentos de amigos e familiares com fragmentos ficcionais em que a autora tenta imaginar o que deve ter passado pela cabeça da poetisa nos últimos momentos de sua vida.



No final de 1996, foi assinado um acordo permanente de cessar-fogo entre o governo e a guerrilha. Foi instituída anistia geral para militares e guerrilheiros  responsáveis ​​por maus atos na guerra. O governo comprometeu-se em reformar as estruturas com o objetivo de alcançar a paz e o desenvolvimento do país.


Exílios no México


Na época de seu primeiro exílio no México, de 1931 a 1944, ela era professora da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional Autônoma do México, onde ocupava a cátedra de Literatura e sociologia italiana. O exílio definitivo ocorreu de 1954 a 1980. O motivo maior do segundo exílio foi por seu marido ser comunista.


Dizem que Foppa nunca se sentiu profundamente exilada porque se sentia totalmente intelectual com o ambiente que encontrou no México. Sua casa tornou-se um ponto de encontro de intelectuais. Para ela, a vida no México foi, sem dúvida, um enriquecimento, uma promessa, como define Amy Kaminsky (Ph.d. Professora de Estudos de Gênero, Mulheres e Sexualidade, Universidade de Minnesota):


O senso de identidade do exilado e o senso de que o exílio é uma u-topia (um não-lugar) com promessa de que pelo menos sobreviverá – se transforma no sentido do dia da diáspora de sofrer em lugar, se não o lugar. A Diáspora conecta os exilados com intelectuais e escritores que já estavam no país quando os golpes aconteceram, que também se sentem conectados.



A importância da tradução na sua carreira


Alaíde Foppa é conhecida principalmente por sua poesia, mas ela era uma mulher multifacetada: ativista, crítica de arte, editora da revista Fem, acadêmica na UNAM onde lecionou na mulher e, finalmente, tradutora.


Ao enumerar essas atividades, muitas vezes seu trabalho como tradutora é acrescentado ao final, como se fosse secundário e insignificante em relação às outras atividades. Mesmo alguns autores sequer mencionam seu trabalho como tradutora. No entanto, a tradução não deve ser interpretada como um aspecto secundário de sua obra, mas como fundamental.


Foppa traduzia textos de natureza muito diversa, geralmente sob encomenda. No início da década de 1940, quando acabou de se estabelecer na Guatemala, trabalhou como tradutora na Embaixada da Itália e colaborou como crítica de arte e poetisa no grupo Saker-Ti (grupo guatemalteco de escritores, formado em 1947). Na mesma época, era diretora do Instituto Italiano de Cultura e seu trabalho como tradutora era comprometido com a direção do Instituto.


Também no México, teve que se adaptar à tradução e à interpretação. Cada vez mais trabalhou como tradutora simultânea, do italiano para o francês e vice-versa, do italiano e do francês para o espanhol ou vice-versa, além da possibilidade de tradução para o espanhol da Espanha, do México, da Guatemala ou da Argentina.




Atividades feministas e literárias no México


Em 1954, Alaíde partiu para o exílio no México e se tornou professora da UNAM Universidad Nacional Autónoma de México, onde ministrou o primeiro curso de sociologia para mulheres na América Latina. Também foi crítica de arte e, em 1977, organizou uma exposição de mulheres artistas no Museu de Arte Carrillo Gil.


Em 1976, foi co-fundadora da Fem, a primeira revista semanal feminista no México. Também colaborou no Foro de las Mujeres, um programa de rádio da Rádio UNAM.


Integra ativamente o Grupo Internacional de Mulheres contra a Repressão. Produziu mais de 400 programas de rádio no Foro de mujeres. Publicou também as poesias Las palabras y el tempo (As palavras e o tempo), La sin ventura (A sem sorte), Elogio de mi cuerpo (Elogio do meu corpo), Los dedos de mi mano (Os dedos da minha mão), Auque es de noche (Mesmo que seja noite) e Guirnalda de primavera (guirlanda de primavera).


Um dos primeiros passos na reavaliação de sua obra poética foi, de fato, uma publicação da Antologia Poética, elaborada por Luz Méndez, escritora, jornalista, atriz e poetisa guatemalteca.


Como definir sua nacionalidade?


Alaíde nasceu em Barcelona em 1914, passou sua infância na Argentina e parte da sua juventude na Itália onde cursou história da arte e Literatura. Filha de mãe guatemalteca e de pai argentino e naturalizada guatemalteca. Segundo Franca Bizzoni, Foppa não sabia ao certo o que era: “Ela se sentia muito ligada à Itália, não sei se italiana, mexicana ou guatemalteca, ela nem sabia mais o que era. Ou Argentina! Ela não tinha uma nacionalidade, digamos, o que ela sentia era guatemalteca e italiana e ela amava muito este país.



Homenagens


Em 2014, no centenário de nascimento da poetisa, foi lançado o documentário Alaíde Foppa, la sin ventura. Por ocasião da entrega de prêmios ao melhor documentário no Festival Ícar, sua filha Silvia Solórzano disse que "ao contrário da família dos anos, que a família dos anos comemorava o aniversário da morte, provavelmente agora que a filha do centenário mais internacionalmente uma festa."



Quarenta anos após o sequestro e o desaparecimento, a Rádio UNAM homenageou a obra social e literária de Alaíde Foppa, Uma fênix de palavras e para relembrar sua obra poética, seu legado e seu ativismo feminista. Uma minissérie, que foi ouvida de 7 a 9 de dezembro de 2020, com retransmissão aos sábados 12, 19 e 26 de dezembro de 2020, pela 96.1 FM e 860 AM.
No programa foram abordados temas polêmicos e inéditos, como a descriminalização do aborto, a contracepção, a maternidade, a libertação da mulher, a alienação parental, a violência de gênero, os direitos das profissionais do sexo e o assédio.




Poesía y traducción en el exilio: la obra de Alaíde Foppa

Alaíde Foppa - Wikipedia

Rádio UNAM - Foro de la mujer


Golpe militar na Guatemala



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